Espera-se que milhares de prisioneiros na Inglaterra e no País de Gales sejam libertados mais cedo do que o esperado, em uma tentativa de aliviar a crise de superlotação que assola o sistema prisional. A secretária de Justiça, Shabana Mahmood, anunciou a nova política, com o objetivo de evitar um "colapso total da lei e da ordem" e enfrentar a terrível situação que foi agravada por anos de negligência e subinvestimento. De acordo com o plano, os prisioneiros serão libertados após cumprirem 40% de sua sentença, uma mudança significativa em relação aos atuais 50%.
O sistema prisional está operando com 99% da capacidade desde o ano passado, ameaçando ficar sem espaço. Se essa situação se concretizar, o excesso de presos será alojado em celas policiais, potencialmente resultando em indivíduos perigosos sem supervisão em todo o país. Isso também implica uma luta para que os tribunais realizem julgamentos, colocando o sistema de justiça criminal à beira do colapso.
Embora a decisão de libertar os prisioneiros mais cedo possa enfrentar oposição, Mahmood insiste que ela não teve escolha. Ela coloca a culpa no governo conservador anterior por seu fracasso em lidar com a crise durante seu mandato. É notável, no entanto, que o governo conservador também considerou planos para a libertação antecipada de prisioneiros, mas não conseguiu resolver a questão antes da convocação das eleições gerais.
O Ministério da Justiça prevê que até 4.000 presos do sexo masculino e menos de 1.000 prisioneiras do sexo feminino serão libertados nos próximos 18 meses. No entanto, as sentenças por crimes violentos graves e crimes sexuais serão automaticamente isentas da mudança, assim como a libertação antecipada de infratores condenados por crimes relacionados a violência doméstica.
A decisão de libertar os prisioneiros mais cedo não é isenta de riscos. O inspetor-chefe das prisões, Charlie Taylor, reconhece que alguns infratores de alto risco serão libertados, aumentando a carga de trabalho das já sobrecarregadas unidades de gestão prisional e serviços de liberdade condicional. No entanto, ele afirma que a decisão era necessária e seu impacto será monitorado de perto.
Os críticos argumentam que o plano é uma aposta arriscada com a segurança pública. Eles citam casos como o de Zara Aleena, que foi assassinada por um homem libertado da prisão e supervisionado inadequadamente na comunidade. O subfinanciamento do serviço de liberdade condicional é visto como uma preocupação significativa que precisa de atenção imediata.
O governo reconhece a necessidade de uma solução de longo prazo para a crise de superlotação das prisões. O Ministério da Justiça iniciou a construção de seis novas prisões para criar mais 20.000 vagas. No entanto, isso pode não acompanhar o aumento projetado da população carcerária, conforme destacado pelo think tank Institute for Government.
A libertação antecipada de prisioneiros é vista como uma solução temporária para evitar o colapso do sistema de justiça criminal. O governo espera que, ao mitigar a crise de superlotação, eles possam ganhar tempo para implementar soluções de longo prazo e evitar o colapso da lei e da ordem. A questão da superlotação prisional e a gestão do sistema de justiça criminal continuarão sendo desafios significativos para o novo governo trabalhista. A segurança pública deve continuar a ser uma prioridade.