Ryan O'Neal, conhecido por seus papéis em filmes clássicos como "Love Story", "What's Up, Doc?" e "Paper Moon", faleceu nesta sexta-feira aos 82 anos. Embora sua carreira tenha atravessado diferentes épocas e gêneros, seu talento para a comédia screwball deixou uma impressão inesquecível no público.
"What's Up, Doc?": Uma celebração da comédia Screwball
Um dos papéis cômicos mais memoráveis de O'Neal foi no filme "What's Up, Doc?", de Peter Bogdanovich, de 1972. Neste tributo à comédia screwball, O'Neal interpretou Howard Bannister, um musicólogo que se envolve em uma aventura selvagem quando conhece a peculiar Judy Maxwell, interpretada por Barbra Streisand. O filme é uma farsa de primeira linha, cheia de bagagem embaralhada, identidades equivocadas e uma hilária perseguição de carro por São Francisco.
Canalizando o brilho cômico
Em "What's Up, Doc?", O'Neal se transformou em um acadêmico nerd, abandonando sua típica persona suave para entregar uma performance que lembra o brilho cômico de Cary Grant. Com seus óculos de armação grossa e timing cômico impecável, O'Neal retratou um homem gradualmente perdendo a compostura ao conhecer a mulher mais intrigante e exasperante que já encontrou. Sua performance foi uma masterclass de comédia física, com avarias no guarda-roupa, conversas intensas sob mesas e até mesmo apagando um incêndio em seu quarto de hotel.
Um Momento de Delicioso Caos
Indiscutivelmente, a cena mais memorável do filme é quando Howard entra em Judy no banho. Em um momento de surpresa, O'Neal apressadamente larga as calças, deixando-o apenas com seu short boxer e uma gravata borboleta. Esta cena não é sobre sex appeal, mas sim um delicioso caos quando O'Neal tropeça em suas próprias calças devido à presença inesperada de Judy. Essa cena demonstra a capacidade de O'Neal de trazer desordem e alegria para a tela, encapsulando o espírito do gênero de comédia screwball.
Abraçando o Caos e a Alegria
"What's Up, Doc?" permitiu que O'Neal mostrasse um lado de si mesmo que muitas vezes era eclipsado por seus papéis em melodramas e sua vida pessoal. Exigia que ele abandonasse qualquer aparência de auto-importância e abraçasse o prazer de zombar de si mesmo. Seu senso de humor brincalhão é evidente em cada movimento que ele faz como Howard, mas brilha mais na icônica frase do filme: "Amar significa nunca ter que dizer que você está arrependido". O personagem de O'Neal retruca com uma meta-piada, ridicularizando a frase como "a coisa mais" que ele já ouviu.
Apelo duradouro da comédia Screwball
Em uma era em que comédias malucas e protagonistas cômicos estão se tornando raros, a atuação de O'Neal em "What's Up, Doc?" é uma prova de seu talento e do apelo atemporal do gênero. Ele transitou suavemente de linhas afiadas e espirituosas para um jogo de palavras complexo para uma comédia pastelão, cativando o público com sua versatilidade e timing cômico.
Apesar dos altos e baixos na carreira e na vida pessoal de O'Neal, seu trabalho na comédia screwball nos dá um pico no gênio cômico que estava sob a superfície. Serve como um lembrete de seu imenso talento e da alegria que trouxe ao público ao longo de sua carreira.
O legado de O'Neal será, sem dúvida, lembrado por suas contribuições para o mundo cinematográfico, mas são suas performances cômicas que continuarão a trazer risos e alegria ao público pelas próximas gerações. Sua capacidade de abraçar o caos e encontrar humor nos momentos mais inesperados é uma prova de seu talento e do poder duradouro da comédia. Ao nos despedirmos de uma lenda, lembramos da alegria e do riso que ele trouxe para nossas vidas.